As obras da usina de etanol de trigo e de DDGs da Be8 continuam a todo vapor e, nesta segunda-feira (26), a companhia anunciou ter contratado a Kepler Weber para construir uma unidade de beneficiamento e armazenagem de grãos. Segundo a Kepler, será a maior obra realizada pela empresa nos últimos cinco anos.
A obra será realizada em Passo Fundo (RS), local onde está sendo construída a primeira fábrica de grande porte no Estado para fabricação de etanol a partir de cereais. Será também a primeira indústria de produção de glúten vital do Brasil, um concentrado proteico obtido a partir da farinha de cereais, além do DDGS (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis). O investimento total previsto e já anunciado é de R$ 1,1 bilhão, sendo R$ 729,7 milhões financiados pelo BNDES.
A unidade fornecida pela Kepler envolve pacote de recebimento, pré-limpeza, secagem e armazenamento de grãos, um conjunto com oito silos que tem capacidade de armazenagem de 160 mil toneladas de trigo.
Ao ser finalizada, no segundo semestre de 2026, a usina da Be8 em Passo Fundo terá capacidade para processar 525 mil toneladas de cereais por ano, produzir 220 milhões de litros de etanol e gerar 155 mil toneladas anuais de farelo.
O armazém, portanto, carregará um terço da capacidade de produção da Be8. Em entrevista coletiva, Leandro Luiz Zat, vice-presidente de operações da usina, explicou que, diferentemente da soja, a comercialização de trigo é concentrada no pós-colheita e, por isso, a Be8 precisa de uma capacidade grande de armazenagem. “Se não for assim, as exportações levam o trigo do Rio Grande do Sul”, disse.
O mercado de biocombustíveis vive uma fase de crescimento acelerado no Brasil. De acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), o país conta atualmente com 25 biorrefinarias em operação, dez projetos autorizados para construção pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e outras 20 unidades programadas.
No ano passado, a Be8 também iniciou a produção do Bevant, biocombustível patenteado pela empresa para ser usado em motores a diesel. Segundo a companhia, o Bevant reduz em mais de 90% as emissões de gases de efeito estufa em comparação ao diesel S10.
Para a Kepler, esse contrato pode impulsionar as receitas dos próximos trimestres de 2025. A companhia teve uma queda na receita líquida de 6,1% no primeiro trimestre deste ano e de 51% no lucro líquido, na comparação com o mesmo período de 2024.
“Nosso objetivo tem sido ocupar um papel cada vez mais relevante na modernização das agroindústrias brasileiras, por meio de soluções que integram armazenagem, logística e tecnologia de processamento com alta eficiência”, destacou à imprensa, Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber.
Fernanda Pressinott – Globo Rural